Metrópolis (1927)
Metrópolis é um filme mudo de ficção científica dirigido em 1927 pelo cineasta austríaco Fritz Lang com roteiro escrito por Lang e sua esposa Thea von Harbou. Um dos maiores clássicos do cinema mundial é uma obra-prima do expressionismo alemão muito à frente do seu tempo. Fritz Lang já era um diretor consagrado quando a companhia cinematográfica alemã UFA financiou sua viagem aos EUA para conhecer a industria do cinema norte-americano. Quando voltou à Alemanha Lang conseguiu um grande orçamento para produzir o filme Metrópolis.
O filme apresenta as implicações decorrentes do progresso e do desenvolvimento das grandes cidades e o nítido contraste entre a vida luminosa dos ricos na superfície, e a sobrevivência dos operários confinados nos subterrâneos da metrópole. A partir de Metropólis o tema se tornou recorrente na ficção científica.
Em 2026 na cidade fictícia de Metrópolis a elite vive na brilhante cidade da superfície com edifícios altos e modernos, com muitos carros em grandes viadutos e aviões voando entre os arranha-céus.
Fritz Lang se inspirou numa visão que teve do navio ao vislumbrar os prédios e ruas iluminadas de Nova York brilhando a noite.
A cidade dos trabalhadores é subterrânea escura e triste. Os operários marcham cabisbaixos para entrar em elevadores que os levam ao infernal complexo industrial subterrâneo para turnos de trabalho de 10 horas executando tarefas repetitivas e estafantes em máquinas monstruosas em um ambiente inóspito e poluído.
Na superfície a cidade é dirigida pelo poderoso capitalista Joh Fredersen (Alfred Abel) em sua Torre de Babel. O único filho de Joh, Freder (Gustav Fröhlich), leva uma vida tranquila com muito conforto, desfrutando do maravilhoso Jardim dos filhos.
Maria (Brigitte Helm), mulher proletária que cuida dos filhos dos operários, encontra Freder quando leva as crianças ao Jardim dos filhos para lhes mostrar o estilo de vida privilegiado dos ricos. A partir deste contato Freder fica encantado por Maria e decide ir ao complexo industrial e se choca com a situação dos trabalhadores e com a explosão de uma máquina.
Freder conta a seu pai o ocorrido e se frustra com a insensibilidade de Joh que está preocupado com um possível plano de revolta dos operários, revelado em mapas encontrados nos bolsos dos operários vitimas da explosão.
Joh procura Rotwang (Rudolf Klein-Rogge), um cientista amargurado por ter perdido para Joh o grande amor de sua vida, Hell que faleceu ao dar a luz a Freder.
Rotwang revela que criou uma androide que tem a faculdade de tomar a forma de qualquer pessoa e que ninguém conseguirá perceber a diferença. Rotwang descobre que os mapas são plantas das catacumbas nas profundezas do subterrâneo e juntamente com Joh decide espionar os operários usando uma passagem secreta.
Ao assistir a uma reunião, onde Maria prega a paz aos operários lhes implorando que rejeitem o uso de violência e que a salvação algum dia virá na forma de um mediador, Fredersen entende o movimento como uma revolta e manda Rotwang fazer a androide ter a aparência de Maria e que esta se infiltre entre os operários para semear a discórdia entre eles e destruir a confiança que sentem por Maria. Mas Joh não podia imaginar uma coisa: Freder está apaixonado por Maria.
Metrópolis é uma ficção científica com um forte simbolismo religioso a saber:
- No início Freder vê a explosão da máquina como se os trabalhadores estivessem sendo sacrificados ao Deus Moloch.
- Freder é o filho que decide salvar o povo que sofre, descendo do alto e saindo da proteção de seu Pai para se sacrificar pelos homens. Inclusive, Freder opera a máquina/relógio até a exaustão e fica de braços abertos numa posição semelhante a um crucificado, enquanto clama por seu Pai.
- A reunião dos trabalhadores nas catacumbas de Metrópolis é uma referência ao surgimento do cristianismo nas catacumbas de Roma.
- Maria prega a paz e é venerada pelos operários como uma santa, até ter sua imagem corrompida por uma versão falsa, no que parece ser uma crítica à adoração de imagens.
- Maria, a salvadora das crianças, é injustamente acusada pelos crimes de sua sósia e perseguida pelo povo disposto a queimá-la viva como bruxa. Seria uma alusão ao fanatismo que acomete praticamente todas as religiões?
- O edifício de Fredersen a Torre de Babel, que de acordo com a Bíblia foi o nome dado à edificação construída pelo homem com o objetivo de alcançar a Deus, sendo por isso castigado por Ele.
- A frase de Maria: "O Mediador entre o Cérebro e as Mãos deve ser o Coração." Freder é o Mediador entre Fredersen e os trabalhadores. Na fé Cristã Jesus é o Mediador entre Deus e os Homens.
Definitivamente um dos filmes mais importantes da história do cinema. Um clássico que transcende o seu tempo e influenciou praticamente todos os filmes do gênero.
Uma parte do filme estava perdida quando em 2008 foi encontrada uma cópia, na Argentina, e na restauração foi possível recuperar 30 minutos deste clássico, mas um quarto do filme ainda está perdido.
Referências:
HILL, Rob; LLOYD, Ann; BERGAN, Ronald, 501 Filmes que merecem ser vistos, São Paulo: Larouesse do Brasil, 2011.
SCHNEIDER, Steven Jay, 1001 filmes para ver antes de morrer; Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metrópolis_(filme)
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-240/
http://www.planocritico.com/critica-metropolis-1927/
http://blogclimax.blogspot.com.br/2011/05/cartas-de-um-navegante-metropolis-com.html
http://danizudo.blogspot.com.br/2010/10/o-simbolismo-oculto-do-filme-metropolis.html
http://366filmesdeaz.blogspot.com.br/2012/10/243-metropolis-metropolis-alemanha-1927.html
http://cineclubecienciaemfoco.blogspot.com.br/2011/03/metropolis-inedito-e-em-grande-estilo.html
Filme completo: (https://vimeo.com/191902212)
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